sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Diário4 ─ capítulo 26

Olá, senhor Ramos. Adoraria falar bastante hoje. Tenho tantas novidades. Uma delas é que adoraria fazer algo de bom pelo mundo. Ah! Quem quiser comprar uma alma, ou alugar, estou aberto à negociações. É, vou guardar pra que? Não vai me servir de nada mais tarde?

E tem tanta coisa que gostaria que desse certo e só dá errado. Já dei muitos exemplos, você precisa de mais? Um deles é que adoraria reviver toda minha vida paralela em que eu nunca mais voltei pra casa e nunca encontrei meu pai. Essa vida toda do começo ao fim. E outro é que adoraria ser filho alguém realmente rico, como Bill Gates. Só pra desfrutar da vida que nunca pude ter.

O dinheiro não é tudo, eu sei. Mas é o essencial, sem dinheiro não existe amor, não existe felicidade e não existe sobrevivência. Claro, a não ser que você seja um nativo indígena que desconhece a vida humana de outra cor que não a dos índios. Só assim pra viver feliz sem ter dinheiro.

Como tenho frisado muito ultimamente: o dinheiro não traz a felicidade, mas traz muitas formas de conseguí-lo. O dinheiro é mais poderoso do que a fé de Jesus cristo: A fé move montanhas. Senhor Ramos, o que dá pra fazer tendo muito dinheiro é algo descomunal à força dos poderes de quem controla quem tem dinheiro. Imagine só: quem tem dinheiro controla o que? E quem controla quem tem dinheiro?

Pegue o exemplo das antigas donas de casa que controlavam apenas seus maridos e filhos. Um marido rico é muito influente na economia da região onde mora e na política, já que se alguém governa contra ele ele pode arrumar um jeito de tirar do poder. Uma mulher que o controla tem este poder? Óbvio que sim. Agora, se esta mulher tem algo além de economia e política na cabeça. Se ela deseja se vingar de alguém? Ainda não percebeu, senhor Ramos? Se ela tem o poder de controlar a economia e a política através de seu marido, ela pode controlar a justiça, pois a justiça depende da economia e da política. Ou já viu alguém realmente rico ser condenado à morte ou à prisão eterna mesmo que tenha cometido o pior e mais recriminável dos crimes?

Então veja. Se a mulher do cara rico controla a economia e a política, indiretamente ela controla a justiça, e faz com que a justiça gire em torno dela e de seus protegidos, e contra seus inimigos. Não tem muita coisa no que pensar.

Sinceramente, prefiro ser rico. Riqueza só traz infelicidade para quem não a tem. E Dinheiro, se não traz felicidade, traz algo tão semelhante que nem os especialistas descobriram o que é. (Frase do PiadasHomer e copiada para o meu twitter). Preciso dizer mais alguma coisa sobre dinheiro? Amo dinheiro, e se me oferecerem dinheiro para fazer o que for: Não importa quanto ou o que, eu faço.

Perdi meus escrúpulos quando perdi a vergonha. Perdi a vergonha quando perdi a crença nas credulidades infantis geradas pelas igrejas. E junto com elas perdi algo mais importante: perdi a esperança. Sem esperança não me resta mais nada do que sofrer de olhos abertos para uma realidade que tanto desejei não ser a minha. Quero fechar meus olhos de novo e dizer para mim mesmo "isto não existe, é apenas fruto da minha imaginação. Dinheiro não traz força e nem felicidade, meus pais me amam, eu amo alguém...". Infelizmente já não acredito em nenhuma das partes. Meu pai me odeia e nunca confiei no meu pai. Minha mãe, eu tenho uma certa aproximação. E Amar alguém é algo que nunca fiz, nem quando estava pronto para me abrir. Ainda desejo ser amado e amar alguém. Só não tenho a quem. Me afeiçoei à todos que conheci, fui com a cara da maioria que conheci. De certa forma amei à todos. Porém nunca amei do jeito que tanto desejo.

Será que não posso amar? Já sei que deus não existe. Ainda insisto em dizer que creio. Entretanto apenas finjo acreditar em algo maior que nada mais é do que meu eu interior diferente de mim. Alguém que de certa forma sou eu, mas prefiro acreditar que não sou, e sim alguém mais forte e poderosos que arranja tudo de forma que me faça conseguir as coisas. Anjos? Nunca vi. E se visse pediria que fossem embora. Eles nunca me protegeram do pior mal que já me ocorreu: A abertura dos olhos. Preferia quando não via além do meu umbigo. Ao menos era feliz e tentava ser igual ou melhor que os outros.

Tá, te amo,senhor Ramos.O senhor é como o pai que nunca tive, alguém que me escuta e não se emburrece com os meus lamentos. E ainda sabe quando eu tenho determinados sentimentos autodestrutivos que só o senhor sabe como e quando parar. Preferiria que o senhor estivesse aqui do meu lado agora. Infelizmente, o senhor e apenas papel.

A bientôt.

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