domingo, 20 de março de 2011

Manias são coisas do bem

Senhor Ramos, estou adorando minhas aulas de alemão. Sei lá, talvez por ser uma língua nova, ou por ser legal falar algo que eu não entendo. Me lembra uma palavrinha que todo mundo insiste em falar e acredito que ninguém realmente saiba o que significa. Sim, é essa palavra mesmo. O amor. O que é o amor? Substantivo abstrato de duas sílabas e quatro letras que pode significar muita coisa ou nada.

Não gosto de falar sobre o que não sei o que é. Importa sim. Eu ía dizer que não importa, é uma palavra que eu não sei o que é. Tenho ficado muito deprimido ultimamente. Naturalmente eu fico entre o deprimido e o eufórico. Ou seja, nulo.

Tenho que fazer alguma coisa pra mudar isto. Percebi que isto acontece mais quando veja a imagem de uma pessoa em especial. Uma pessoa que me lembra a pessoa da qual não quero mais falar. Sim, alguém que se parece e muito. Tenho evitado olhar para a imagem. Vou falar logo. Bom,sempre que olho eu sinto uma tristeza, como se a pessoa em questão tivesse morrido. Não exatamente morrido, mas algo quase tão forte. Não deveria me sentir assim, principalmente por que nunca aconteceu nada entre nós. No máximo cheguei a me acostumar a ele.

O senhor sabe perfeitamente que faria, mas não quero. Prefiro fazer qualquer coisa para acabar com isso. Senhor Ramos, esse negócio de demônio, diabo e escambal foi um sistema de controle criado pela igreja católica para explicar fenômenos inexplicáveis pelos sistemas e tecnologias da época. E por acaso foi reciclado e usado com mais força pelos evangélicos e derivados e protestantes. Toda a bíblia católica é fundamentada em eventos espirituais científicamente inexplicaveis, que foram adaptados para outras igrejas que reutilizaram a mesma bíblia.

Portanto não venderia a minha alma, a não ser que o diabo que compra almas me mostrasse o inferno pessoalmente. O que acho um pouco impossível na minha forma racional.

É uma forma de evitar que aconteça novamente. Não acredito no amor. O amor não é algo em que possa acreditar. O senhor acha mesmo que as pessoas dizem umas para as outras que se amam por que acreditam no amor? Eu não vou ficar pra descobrir.

Na verdade, não vim para falar sobre isso Vim para falar dos meus dias. Sim, foram ótimas. Lógica de progrmação é meio repetitivo, por que já fiz algo parecido. Geometria analítica tô sem preofessor. Teatro, só terça. Yoga é muito relaxante. Alemão é muito divertido, como as aulas de leitura de textos em língua francesa. Adoro outras línguas.

O senhor lembrou. Ah, muito obrigado, senhor Ramos, tava precisando disto hoje. Estou começando a minha jornada pelo mundo a partir da língua. Vou fazer mais dois semestres de alemão, e aí tentar bolsa para Alemanha. E depois fazer um curso de francês e conhecer a França. Depois mandarim, ou chinês, e ir para a China. Fazer o que lá? O senhor tem prestado atenção no que tenho dito pro senhor? Realmente, isto eu não disse. Meu sonho de viajar pelo mundo é para conhecer mais do que o meu verdadeiro caminho. É para viver uma vida melhor, e conhecer o que preciso saber antes de poder ir embora deste mundo. Em língua vulgar, antes de morrer.

Todo mundo morre, senhor Ramos. Menos pessoas como o senhor, que ficam a memória de todos que passam pelo senhor. E por aqueles que amam ou admiram pessoas como o senhor. Não me esqueci que o senhor é de papel. O senhor vai se lembrar de mim mesmo depois que eu não esteja mais aqui, neste país. E depois que voltar, e ir de novo. Pretendo manter nossa amizade até depois das minhas loucuras.

Ser normal pra que, senhor Ramos? Ser normal é coisa de maluco. Não ode isso, não pode aquilo, é falta de etiqueta fazer isto em determinados lugares, Isto se faz assim... Pra que? Quero viver uma vida que nunca tive e tentar recuperar a parte que esqueci.

Adoraria viajar pelo mundo indefinidamente de férias. Andes, Rio Tâmisa, Rio Tigre, Rio Eufrates, Rio Amazonas, Pequim, Tailândia, Deutshcland, England, ... Nunca mais voltar, nunca.

Eu amo muito o senhor. O senhor deveria ter sido meu pai. A bientôt.

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