quinta-feira, 4 de novembro de 2010

diário3 ─ capítulo 15

Senhor Ramos, fiz meu twiter. Pra chegar a ele basta pesquisar no google @u_ca7. Senhor Ramos, segui algumas coisas no twiter. Algumas interessantes, outras nem tanto. Mas segui o meu coração, eu acho.



Bom, achei bem interessante. Simples, dinâmico. Tá, não achei nada disto. Eu sequer queria um twiter, mas tem promoções que só aceitam twites. E eu quero participar pra ver se ganho alguma coisa. Fico tanto tempo online e nunca ganhei nada por isso.



Falando em não ganhar nada... Amanhã é o meu aniversário. Não, por nada, não. Nunca ganhei nenhum presente legal na minha vida. A não quando eu furtei um. Odeio meu pai. Acredita que eu sempre tinha que pedir qualquer coisa à ele. Eu o amo. O amo tanto tanto que se uma dia eu não precisa-se dele ou ele precisasse de mim, bom eu passaria as mãos dele num fatiador de queijo. E a cada 15 minutos calterizaria os ferimentos com ácido sulfúrico. E quando não restasse mais braços iria para os pés. E quando não tivesse mais pernas jogaria ele num moedor de carne industrial. Até ficar só a cabeça. Repetindo eu amo o meu pai. E isto é a minha prova de amor para com ele.



Pelo menos é bem mais leve do que o desejo que eu tinha antes. Era bem mais pesado. Pretendia explodir parte por parte. E depois ir jogando ácido sulfúrico e cloro até restar alguma coisa sentível. E depois manter o que ficou pra ele sentir o quanto é ruim ter que pedir as coisas. E nunca deixaria ele morrer. Percebe agora o quanto o amo?



O de antes era simplesmente me matar e acabar com tudo logo de vez. Mas aí não teria graça. Sequer teria como fazer o que posso fazer.

Fora isto e fora tudo o que falei, senhor Ramos, eu adoraria sumir pelo mundo. E sumir com toda minha memória. Talvez uma memória nova. Tipo Ram 10 gigas, hd 4 teras, etc. Não. Uma vida completa. Do começo. Talvez melhorasse minhas crises depresso-eufóricas. Talvez me desse a oportunidade de refazer tudo. Ou simplesmente me desse a opção de refazer tudo. Não me incomodo de recomeçar como algo que não tolero nesta vida. Qualquer coisa é bem melhor que nada.

Já entendi o ditado: melhor um pássaro na mão que dois voando. Significa que está todo mundo à procura de coisas sempre mais distantes. Nunca se contentam com o que já tem. Independente do que conseguem, quando desfrutam, descobrem que querem mais. E no final não é o objeto de desejo que os faz ir à busca. Mas o caminho, o modo de busca, a sensação de estar em movimento, e outras coisas relacionadas à busca e não ao objeto. Logo o desejo é apenas uma desculpa para iniciar a busca. Não dá para ir mais longe se se tem algo com o que se acomodar. Mas ninguém percebe isto. A não ser quando o desejo é de parar num canto e se acomodar.

Interessante, não? Não pensei muito nisto, e Sr Alberto não me pemite pensar durante o dia. Agora já sei o que significam alguns dos ditados mais antigos que ouvia. Sabe, senhor Ramos, escrever em você o que penso é muito mais fácil do que pensar muito antes de falar. Lembra de quantas vezes ja disse isso ao senhor? Bom, vou repetir. O senhor é o único que me escuta do começo ao fim. Que me permite dar tudo de mim. Que me permite pensar e revelar o que sinto.

Se o senhor não fosse um diário talvez fosse meu amigo de infância. Preciso de alguém pra me libertar do que me incomoda. Precisava de alguém que me escutasse e não desse sermão do que eu falasse. Bom, é isso.

Por agora é só. A bientôt.

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