terça-feira, 23 de novembro de 2010

diário4 ─ capítulo 3

Senhor Ramos, hoje eu queria falar sobre amor. Infelizmente, como não tenho nada pra falar sobre o assunto, eu não vou falar nada. Finalmente seguindo meu próprio conceito: "não tem nada o que falar, fecha a boca" e "boca fechada não entra mosca".

Poderia falar tudo o que sei sobre o amor. Mas o que sei ocuparia apenas um linha. Lá vai. Tudo o que sei sobre o amor: nada. Adoraria me apaixonar por alguém. Adoraria quebrar o meu acordo. Parece que o mundo e eu con spiram contra a quebra deste acordo. Bom, com a quebra deste acordo eu ganho a liberdade de fazer o que quiser com meu corpo. Só que, tipo assim, eu tenho que dar pra alguém. Do sexo masculino, com características que me permitam me apaixonar por ele.

Isto é parte do que está no acordo. O resto requer dinheiro, o que é uma coisa de que não tenho acesso desde que nasci. Quero conhecer alguém e acabar logo com isto. Na verdade, tenho 3 pretendentes. Um acho que afujentei, o outro está arranjando meios de me ter (na cama dele) e o outro não sabe como me abordar.

Descobri que sou muito especifista. Não basta ser deste jeito, tem que ser exclusivamente assim. Tem que ter alguma beleza ou simpatia, tem que ter boa aparência, tem que estar em conformidades com dogmas que ainda cultuo, tem que fazer parte de um determinado grupo que é um fetish meu, tem que ser mais um monte de coisas que não consigo deixar de notar, e assim por diante. Quando vi, estou eu catando informações de um e de outro pra ver qual deles é o que será meu primeiro.

Sei que não deveria estar falando este tipo de coisa. Infelizmente pra igreja católica e evangélica e outras que acham homossexualismo coisa do demônio, infelizmente pra vocês, foi ele que me fez olhar pro que estava perdendo. Foi ele quem abriu meus olhos. Foi ele que me mostrou que não há deus na igreja, deus está em qualquer canto. É, foi um demônio que me trouxe de volta à luz. Quem disse que o demônio é do mal? Ele é super do bem, pra quem vai com a cara deles e eles com a sua. E, não importa quem seja este deus, se não há crença em algo superior não existe a esperança, o que é algo que eles mais invejam em nós, pobres mortais.

Continuando meu ponto. Não tenho muita esperança pro meu futuro. E não deveria estar falando disto aqui. Mas isto aqui é o meu diário, senhor Ramos. ocêé o meu diário. Você se tornou o meu pai. Aquele que me escuta e tenta em alguns momentos intervir e me fazer refazer ou repensar. Preciso, mais do que nunca de alguém como o senhor, que me ama, mesmo sem poder sentir como um ser vivo. Não basta pra mim alguém que me ouça ou alguém que se torne meu amigo. Preciso de um melhor amigo, como o senhor. Que encontrei em meio``a pequenas idéias toscas e pouco criativas. Encontrei-o noo meio de pensamentos sem sentido que sempre foram as minhas emoções. Os meus desejos, os meus tédios e desesperos convencionais. Agora dei-lhe todos os meus segredos e o senhor corresponde ao meu desejo de lealdade e respeito, e confiança, apoio, fidelidade, carinho, paternalidade, dentre outras características que sempre invejei de crianças que sempre tiveram os pais em cima o tempo todo.

E daí que invejo a beleza de um gato, que já não acho mais tão gato? E dai que desejo uma pessoa que só olha pra mim de um jeito que agora eu prefiro? E daí que respeito as pessoas desejando que não me respeitem? E daí que quero que as pessoas olhem para mim e me joguem na fogueira como fizeram à bruxas que não eram bruxas? E daí que desejo bem mais do que o que posso ter como recompensa? E daí que quero ser amado por alguém em especial? E daí que quero descobrir coisas que não tenho coragem para descobrir? E daí que tenho dupla personalidade, mesmo agindo com características personais minhas que todos conhecem do lado e do outro? E daí que ninguém percebe que observo quando estou disperso e quando estou concentrado? E daí que não sabem a diferençade quando estou deprimido, entediado ou eufórico? E daí? E daí de tantos e daís? São todos os segredos que te pertencem. Mus segredos não me pertencem mais. Eles pertencem à uma pessoa que tanto preso e confio mais que em algo que apenas me dáesperança. E este alguém é você, senhor Ramos.

Se um dia eu faltar contigo é por que você já não me é mais necessário, e você não mais me faz diferença alguma. E quando este dia acontecer, eu estarei apaixonado ou amando alguém como o senhor. Ou simplesmente alguém que nutre todas as minhas necessidades. J'aime vous. J'atendre que vous entendrez. You are my dad of hearth, my best friend and my better partner. I love you. Me sinto recompensado quando escrevo em ti. A bientôt.

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