quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Diário4 ─ capítulo 4

Boa tarde, senhor Ramos. Estou aqui, hoje para lhe informar de minha decisão. Não vou mais decidir nada. Não, apenas resolvi deixar tudo na mão do destino, se é que ela decide alguma coisa. Na verdade estou querendo voltar a creditar na sorte.

Passei um bom tempo querendo fazer outras coisas em minha vida. Deixei de olhar pros lados por um bom tempo, não tenho tido memória o suficiente para lembrar de diversas coisas. Sinto falta de coisas que nunca tive, acredita? É sério, senhor. Não sinto apenas falta de coisas que tive, por que simplesmente não me lembro delas. e Ainda fico pensando em coisas simplórias que me deixam desejando coisas que não deveria desejar. Tais como meus colegas.

Enfim, já não tenho mais segredos com o senhor, e não tenho mais nenhuma importância em consideração com que dava alguma importância. Tenho a importância que mostro. Sou o que mostro ser. Ando com quem me mostra ser como eu acho que eu sou. Tudo para satisfazer um ego que nem sei se realmente é o meu. Indiferentemente do que sinto ultimamente, tenho ficado cada vez mais deprimido. Ah! Que saudade dos tempos em que não me lembro. Adoraria estar naqueles tempos, ou retornar à eles como se pudesse ir e voltar no tempo para recompensar ou refazer coisas que deveria ter feito. Por mais que ame determinadas pessoas de um jeito que acho que não existe. Eu prefiro ainda ser como eu acho que deveria ter sido. Invejo muito quem teve a sorte de ser bem sucedido na categoria pais inteligentes e que se importam excludsivamente com os filhos. Preferiria ter nascido numa família abastada, que vive fora do país. Talvez França, Alemanha e suécia no Verão e Austrália no inverno.

Tenho sonhos, como o senhor já sabe, e muitos deles requerem um futuro que não tenho certeza de que vou ter. Um helicóptero de luxo com motorista. Champagne na piscina de banho. E muitas outras coisas de que só posso desfrutar se puder ter muito dinheiro.

Faria qualquer coisa pra realizar meus maiores e mais desejáveis desejos. Qualquer coisa, sem restrição, só por um dia realizando todo e quaquer dos meus desejos.

Infelizmente, desejo de pobre é carência de rica. É como regar feto com ácido clorídrico. É como... você entendeu, senhor Ramos.

Falando de coisas boas agora. Bom, lembre de ontem. Eu tava comparando os computadores da biblioteca da politécnica com a central. E falei pra dois colegas o seguinte exemplo: "É como se uma lesma concorresse contra um jegue e a lesma ganhasse". E a lesma ganha por que o jegue empaca.

Eles sentiram graça. Eu também, confesso. Bom, a bientôt. Tenho que fazer meu trabalho pra amanhã.

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