sábado, 16 de outubro de 2010

Diário2 ─ capítulo 24

Hoje foi chato pra acordar. Diferente de ontem, não acordei feliz. Acordei triste e precisei chorar pra ver se melhorava. Tive motivo. Senhor Ramos, eu finalmente descobri, ontem, o que teimava tanto em não querer saber. Não importa mais. Não agora.

Vou continuar o diário até o capítulo 28 como estava previsto.

Ainda tenho um desabafo a fazer. Se eu não aguentar mais, o primeiro buzu que passar na frente é o que eu pego. Alberto, que agora é meu acompanhante em tempo integral, ja sabe disto e está tentado me manter aqui. Osenhor ainda não entendeu, senhor Ramos? Não vou entrar no ônibus.

Já não me importo mais com a minha segurança, por que de que adianta? Quanto mais seguro mais fragilizado. O suicídio não não é mais uma questão de honra ou de fragilidade. É questão de honra. Já não minto pro senhor desde o dia em que prometi não mentir pro senhor. Não faz mas diferença alguma se digo algo comprometedor ou se digo o que penso. O que penso é muito comprometedor.

Alberto estáme dizendo neste momento que não posso mais escutar o que diz os meus sentimentos. Se o fizer eu não aguentarei mais. Vou escutá-lo, ele está bem pior que eu. Ele vai morrer numa data certa sem praticar suicídio. El não está tão feliz com a condição dele.

Senhor Ramos, como você reagiria se tivesse um dia certo para morrer? Posso dizer tudo o que puder pensar que faria. Mas, pelo que sei da consciência humana, as pessoas entram em pânico e perdem a noção do que é certo e errado. E depois disto correm para a opção mais fácil.

Alberto está me dizendo que ele pensou em fazer isto. Ele pensou bastante antes de pensar em qualquer coisa. E viu que não tinha feitonada da vida. Ele me disse que não sabia o que poderia fazer. E depois de ter vivido uma vida pacífica não tinha mais nada que soubesse que queria fazer. Ele disse que eu sou como ele. Mas não o vejo. Só ouço suas intruções e mensagens. Ele diz que agora é parte de mim e será até que eu possa fazer o que precisar sem ter que pedir instruções. Ele quer me levar para a legião Francesa. O meu sonho era justamente estar numa milícia. Já não estava mais confiantenas milícias brasileiras. Então, assim que tiver meu passaporte e dinheiro suficiente para ir para uma parte francesa pelo mundo e aí meu filho...

Senhor Ramos, digo até mais por agora. Lamento não falar mais, mas é isso.

Ilove you. You like my dad and my brother. I hate stay here, but i don't know to where go.
Bis bald, herr Ramos.

Parte 02 ─ De noite


Bom, senhor Ramos, agora estou bem melhor do que antes. Sei que posso fazeer muitas coisas e tem muitas que devo fazer. Independente do que eu faça, não consigo ver claramente o que está na minha frente. Não falo do computador com vc aberto diante dos meus olhos. Falo do meu futuro, perdi uma boa parte da minha vida pensando no que estava por vir. Pensei seriamente em coisas que não deveria pensar. Ou que não poderia ter pensado, mas ainda assim tive que pensar. Não gosto de pensar, não gosto mais. Qualquer pensamento que tenha me faz lembrar do que quero esquecer. Passei algum tempo pensando. 5 anos inteiros. Passei pensando na minha vida, no exílio total que sempre foi toda a minha vida e no exílio que consegui ver. Minha vda não tem divisão alguma. Queria saber como separar as etapas da minha vida em como aconteceu e como deveria ter acontecido, tipo "todo mundo odeia o Chris". Sou Mag independente de meu nome aqui no meu bairro. Ninguém aqui sabe que sou Marinaldo no cartório e na carta de nascimento. Na faculdade e proximidades ninguém, que me conhece, sabe que sou Mag. No ônibus ninguém sabe quem eu sou.

Indiferentemente do que faça ou mostre, do que mostre ou de como mostre. Eu sou apenas ninguém para a maioria. Não sei como fui ser assim, um ninguém. Sei que por toda a vida eu fui totalmente nulo. Alberto pede para que eu fale mais sobre o por que eu me tornei um ninguém nulo. Mas não quero me aprofundar muito.

Tá bom, senhor Ramos, vou começar pelo início. Há alguns bilhões de anos atrás, o planeta ainda ea inabitável... Brincadeira, não sou tão velho, vou fazer 20 + 1 anos, e me sinto um tanto velho para alguém como eu. E sozinho.

Me sentia assim há alguns anos atrás. Todo dia quando chegava em casa e ficava na compania do silêncio da casa vazia e do silêncio do meu pai deitado no sofá dia sim, três não. Então tentei muitas coisas para ocupar meu tempo e minha cabeça enquanto não tinha nada para fazer.
Ficava as tardes escrevendo algo para um livro que nunca conseguia terminar, ou começar. Um dia resolvi escrever o livro, mas não saia bom. Nenhum saia. Pensei em escrever outro e outro e nada. Sempre que tentava escrever saia como se tivesse tentando escrever um livro didático. Escrita correta, coerente e nada de interessante nas palavras usadas. Tinha mais coisas na primeira página que em todo o livro mesmo com metade do livro escrito. E inventava histórias e mais histórias sobre coisas que nunca iriam acontecer. Tipo eu sendo o mstre de uma tribo amazona. Conhecedor de todas as artes e dominador de outras artes, como a esgrima e o kung fu. Coisas de criança que gosta de assistir a filmes com alta tecnologia de visualização gráfica. Tudo isto se dá num espaço curto de 5 anos.
Eu ia parar de falar sobre esta parte da minha por que tem um monte de partes em branco que não dá pra falar.

deixo por aqui.
A bientôt, Monsieur Ramos.

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