domingo, 26 de setembro de 2010

Diário2 ─ capítulo 05

Boa noite, senhor Ramos.
Hoje eu queria falar bastante. Ainda quero, só não sei sobre o que.

Vou falar sobre qualquer coisa como das outras vezes.

Qualquer coisa....

Falei.

Brincadeira. Adoro Falar, mas quando não tenho o que falar , simplesmente não falo nada. É o que acontece quando eu entro num grupo de maioria masculina. Se tiver algo pra fazer: tudo bem. E se não tiver? Tchau. Não gosto de ficar no meio de homens. Eles não tem nada além de Ftebol, mulher e sexo pra falar. E falam justamente sobre isso quando não tem mais assunto. Sim, senhor Ramos, sou excessão até certo ponto. Só não gosto de ser simplesmente homem. Quero um pouco além de só ter isto para conversar. Que tal livros? Ou desenho, novela, notícias interessantes. Qualquer coisa que não tenha a ver com assunto padrão de homens que não tem mais nada o que fazer. Então quando encontro com alguém que não tem assunto, eu simplesmente converso até onde o assunto chega e depois paro a conversa.

Você nunca fez isso? Acho que não. Sinceramente, sempre preferi grupos femininos a grupos masculinos. Talvez por identificação ou por simples análise dos fatos. Mas raramente eu fiquei em grupos masculinos além do tempo necessário. Rafael, Gustavo, Emerson e Bruno. De todos eles, o único com o qual consegui manter uma conversa foi o Bruno. Os outros simplesmente me desinteressaram. Não os sinto. Não consigo ver além de mentes vazias em busca de oportunidades.

Confesso, sou um oportunista. Porém o meu oportunismo é um pouco mais disfarçado que o de qualquer outra pessoa. Nunca me importei de ser eu até o ponto necessário e nas obrigações. Pagar mico é comigo desde que tenha companhia. E prefiro gente que sabe o que falar e tem o que falar sobre todos os assuntos que tem na cabeça.

Prefiro ouvir história a faze-la ou a estudá-la. Nunca gostei de coisas difíceis. Enfim. Sou assim. Sou como eu deveria ser ou como deveria me mostrar? Não importa. Sou quantos achar necessário e e quantos lugares diferentes. Senhor Ramos, pra qualquer canto que eu vá eu tenho um personalidade diferente.

Personalidades.

Na rua sou um menino calmo, paciente e que segue as leis da boa convivência. No intimo sou uma dragqueen nascida mulher e que gosta de parecer homem. Na sala sou um garoto de 8 anos, independente e atento a qualquer erro, variando de sala para sala. Levo 2 semanas pelo menos para identificar quem eu sou ou devo ser. É tipo um prazo de desenvolvimento de parasita.
parasita entra no organismo, ele precisa se adaptar ao meio ambiente do hospedeiro, que é o corpo. Depois sidto precisa conhecer as reservas de alimento. Só depois ele cresce e se torna um parasita adulto e continua sua vida. Não sou diferente. Nenhum ser humano o é. Todo recém nascido foi um parasita enquanto feto. Até crescer e amadurecer para poder sair do hospedeiro (a mãe).

Continuando. Preciso deste tempo para conhecer o que devo fazer, como devo me comportar e quais os métodos aceitos em determinadas circunstâncias. Geralmente sou frio no primeiro mês. E depois vou me soltando.


Não sou o único a fazer isto, mas sou o primeiro para confessar o meu método.

Senhor Ramos, eu fiz algumas coisinhas que não gostei. Perdoi-me, padre, pois eu pequei. Eu continuo mentindo sem motivo totalmente aceitável. Não consigo mais para de mentir para Rafael. Qual deles? Não importa padre. São todos iguais. Uns mais bonitos ou mais gostosos do que outros. Mas ainda assim são todos iguais.

Senhor Ramos. Eu tenho pensado tanto. E ainda não encontrei o motivo de eu ainda existir. Tava pensando (como sempre) nas minhas muitas histórias que povoam a minha cabeça cheia de coisas. Os meus vários muno que criei e destruí como Shiva. Não cohece Shiva? O deus da criação, hindu. Quando ele acorda e começa a dançar inicia o processo de construção do mundo. E quando ele vai dormir, ce tanto cansaço, aí vem o processo de destrução do mundo. Sou igualzinho. Só não danço e não crio o mundo como o mundo real.

Tava pensando em uma das minhas várias histórias e na criação dos meus mundos. Num deles eu sou mestre de um exército de amzaonas. No outro eu sou um grande mago muito poderoso. Há tantos mundos diferentes que nem sei por onde começar a te explicar como funciona. Em alguns eu posso mudar de sexo com bae nos meus desejos e pensamentos, porém não posso mudar de sexo durante a menstruação ou a gravidez. É tão divertido ter vários mundos só pra mim.

Não acha? Por que não, senhor Ramos?
Tenho tudo o que quero. Não preciso esperar nada dos outros e se me faltar alguma coisa eu sou deus, posso simplesmente mandar que elas surjam na minha frente como um processo natural. Nada que eu não possa fazer enquanto deus criador dos meus mundos.

Senhor Ramos, se eu posso criar um imenso mundo só pra mim, por que não posso dominar este. Não... Prefiro ter meus mundos. Se um dia precisar compartilhá-los é só escrever um livro com base neles. Seriam muitos divertidos e muito melhores do que os do Harry potter ou do Senhor dos anéis. Emuito mais fascinantes.

Me impressiona mesmo é o fato das pessoas continuarem ignorando a si mesmas. Mas eu não sou terapeuta e não vou discutir isto. Não aqui no meu diário. Há muitas coisas muito mais importantes em que posso pensar. Tipo como eé que sei quando algo é certo ou errado. Ou quando sinto algo que vai acontecer e não sei o que é, mas posso simplesmente prever. Ou quando fiz uma simples pergunta de resposta óbvia e meu inconsciente respondeu com a resposta correta e me deu respostas que precisava escutar, com: Rafael gosta de mim? De resposta sim. As pessoas me amam. Eu só não sei qual delas. Todas as pessoas me amam. E ninguém sabe que eu descobri a fórmula da sorte. Não da de ganhar na loteria, a de ver coisas maravilhosas e saber o que estou vendo. Fiz muitas coisas que as pessoas normalmente desprezam e eu percebi o que elas desperdiçam.

De resto estou muito bem, mesmo não estando completamente feliz.
J'adore vous. J'aime vous comme un pére. A bientot.

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